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Sobre a Teosofia

Teosofia - o seu significado

O termo Teosofia provém do termo grego theosophia, que é composto por duas palavras: theos ("deus", "deuses", ou "divino") e sophia ("sabedoria"). Assim, a palavra Theosophia pode ser traduzida como a "sabedoria dos deuses", "sabedoria nas coisas divinas" ou "sabedoria divina".

 

A palavra "teosofia" foi usada na escrita, pela primeira vez, entre os séculos III e VI da nossa era, pelos filósofos alexandrinos neoplatónicos. Estes filósofos usaram esta palavra para caracterizar um conhecimento experiencial que provém através de meios espirituais, não intelectuais. Ao longo do tempo, vários místicos e movimentos espirituais ocidentais (principalmente de orientação cristã) adotaram o termo "teosofia" nos seus ensinamentos. Entre eles, encontramos Mestre Eckhart, no século XIV, Jacob Boehme, no século XVII e Emanuel Swedenborg, no século XVIII. No último quartel do século XIX, Madame Blavatsky, o Coronel Olcott e um grupo de pessoas, com pensamentos afins, fundaram a Sociedade Teosófica, trazendo de novo o termo "teosofia" à luz. Sustentavam que o trabalho da Sociedade Teosófica era a continuação do trabalho de Teósofos anteriores, especialmente o trabalho dos filósofos gregos e alexandrinos.

 

No movimento teosófico moderno, a palavra "Teosofia" tem sido usada com vários significados diferentes:

 

  • é frequentemente usada para descrever o corpo de ensinamentos que foram dados por Madame Blavatsky e por outros escritores teosóficos. Este corpo de conhecimento é frequentemente designado como "Teosofia moderna" (com T maiúsculo);

  • também é usada para referir a Sabedoria Antiga universal que subjaz a todas as religiões, a qual pode ser encontrada no âmago de todas elas, quando despojadas de aposições, eliminações  e superstições. Por vezes, neste contexto, a palavra Teosofia é também referida como teosofia "antiga" ou "intemporal".

Estas duas utilizações da palavra Teosofia referem-se a um corpo de ensinamentos transmitido por vários sábios em diversas partes do mundo e em diferentes épocas.

 

  • Como vimos, theosophia refere-se a uma Sabedoria Divina, isto é, um estado de consciência em que o sábio ou místico passa para além da sua mente e adquire uma perceção direta, supraconcetual, da Verdade. Este é o significado primeiro de Teosofia.

É importante notar que o estudo intelectual e a prática diária da Teosofia são apenas um meio para alcançar a theosophia real, ou iluminação interior. À medida que disto vamos tendo uma perceção mais nítida, abrimos a porta a um instante de perceção direta (insight) que surge daquela parte de nós que é Divina. O processo de se tornar cada vez mais recetivo a estes insights teosóficos é o caminho espiritual.

 

 

Algumas Ideias Teosóficas

 

A Teosofia Moderna postula que o campo da existência abarca mais do que esta realidade material e passageira, da qual nos apercebemos através dos nossos sentidos. De facto, a falta de conhecimento sobre os aspetos mais elevados da realidade faz-nos ver as coisas a partir de uma perspetiva errada, que é a raiz da causa do sofrimento. Podemos adquirir conhecimento do Real, tanto no universo como nos seres humanos, através de uma prática espiritual holística que inclui o estudo, a meditação e o serviço.

 

Vejamos algumas das ideias básicas que a literatura teosófica oferece para consideração. Contudo, a Sociedade Teosófica não pede aos seus membros que adiram a nenhuma destas ideias em particular. Espera-se, apenas, que os membros concordem com os três Objetivos da nossa organização. 

 

  • Por detrás de tudo o que é visível ou invisível existe uma Realidade absoluta,  eterna, ilimitada e imutável, que está para além do âmbito do pensamento humano. Matéria e consciência (ou espírito) são os dois aspetos polares desta Realidade.

  • A Teosofia postula um universo cíclico. Um universo manifesta-se, desenvolve-se e volta a dissolver-se na Realidade absoluta. Após um período de repouso cósmico, volta a surgir um novo universo.

 

  • Visto que tudo procede (ou se manifesta no interior) desta Realidade única, existe apenas uma Vida comum que permeia e sustém todo o universo. Cada forma de vida é uma expressão desta Unidade.

 

  • A Teosofia postula um universo com propósito. Todo o sistema, visível e invisível, é palco de um grande esquema evolutivo no qual a vida se move em direção a formas cada vez mais expressivas, em direção a uma atenção desperta mais responsiva e a uma consciência mais unificada.

 

  • Não existem leis mecânicas. O universo é permeado por uma inteligência não antropomórfica, que é simultaneamente imanente e transcendente. Por conseguinte, a inteligência está na base de todas as leis da natureza. De igual modo, não são possíveis milagres sobrenaturais. Como disse H.P. Blavatsky: a «Divindade é a Lei».

 

  • A consciência humana é, em essência, idêntica à Realidade última, que Ralph Waldo Emerson apelidou de "Sobrealma". Esta Realidade suprema una, sendo a raiz do nosso Eu real, é partilhada por cada um dos nossos seres particulares, unindo-nos, assim, uns aos outros.

 

  • O desabrochar gradual desta Realidade divina, em nós latente, prossegue ao longo de um grande período de tempo, pelo processo da reencarnação que é um aspeto da lei cíclica observável em toda a natureza.

 

  • O ciclo de reencarnação é regido pela lei de causa e efeito. Como diz São Paulo: o que semearmos, inevitavelmente colheremos. Esta é a lei do karma, pela qual tecemos o nosso próprio destino ao longo dos tempos. É a grande esperança da humanidade, pois dá-nos a oportunidade de criar o nosso futuro, através do que fazemos no presente.

 

  • A peregrinação humana retira-nos da Fonte, onde somos uma parte inconsciente do Um, conduz-nos através da experiência da multiplicidade, para finalmente nos fazer regressar à união com a Realidade Divina Una, mas agora cem consciência plena. Assim, a nossa meta consiste em completar este ciclo cósmico de manifestação, através do qual alcançamos a realização consciente, plena, de nós mesmos como parte integrante do Um, já não polarizados entre consciência e matéria, ou divididos entre o eu e o outro. Esta realização é iluminação.

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